Autor: Robin Sloan lido em 2014 - postado em 2017A recessão econômica obriga Clay Jannon, um web-designer desempregado, a aceitar trabalho em uma livraria 24 horas. A livraria do Mr. Penumbra — um homenzinho estranho com cara de gnomo.
Tão singular quanto seu proprietário é a livraria onde só um pequeno grupo de clientes aparece. E, sempre que aparece, é para se enfurnar, junto do proprietário, nos cantos mais obscuros da loja, e apreciar um misterioso conjunto de livros a que Clay Jannon foi proibido de ler. Mas Jannon é curioso… O livro foi contra todas as minhas expectativas. Pensei que seria uma história de fantasia sobre bruxaria e coisas semelhantes. Às vezes, gosto de ler e ver para saber como funciona o outro lado porque sempre jogam verdades na nossa cara (como no filme “O destino de Júpiter” que resenhei há poucos dias). Entretanto, mesmo com muitos elementos insólitos, a história é bem realista e, ao mesmo tempo, perturbadora. Sem dar muitos spoilers, mas existe uma sociedade secreta centenária que busca o segredo da imortalidade através de livros antigos! O problema é que, depois começa a ficar meio chato e monótono com inúmeras descrições sobre o funcionamento de tecnologias modernas e coisas semelhantes. O vai e vem de personagens que não saem do lugar também incomoda um pouco. Fiquei angustiada (no sentido existencial) com a busca de vida eterna fora do cristianismo (porque só Jesus pode dar vida realmente eterna e feliz), mas o tal segredo da imortalidade no final das contas não é nada blasfemo e até faz sentido. Não tem nada a ver com seitas nem heresias, satanismo, bruxaria ou coisas do tipo. É algo bem real e que não deixa de ser surpreendente quando é revelado no final. Spoilers: Os membros do tal clube estavam sendo enganados porque o segredo da imortalidade nada mais era do que escrever porque quem escreve continua vivo através do que escreveu.
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Autora: Jessie Burton lido e postado em 2017No outono muito frio de 1686, Nella Oortman, de 18 anos, chega em Amsterdã para começar uma nova vida como esposa do ilustre comerciante Johannes Brandt.
Mas sua nova casa, apesar de esplendorosa, não é acolhedora. Johannes é gentil, porém distante; sempre trancado em seu escritório ou no depósito onde guarda seus produtos, deixa Nella sozinha com a irmã dele, a maliciosa e ameaçadora Marin. A jovem não consegue se aproximar do marido e parece que o casamento nunca será consumado. Mas o mundo de Nella muda quando Johannes lhe dá um extraordinário presente de casamento: uma réplica da casa deles em miniatura. A maquete é exatamente como a casa em que moram, com os mesmos quadros, tapeçarias e objetos de arte. Para mobiliar a casinha, Nella contrata os serviços de um miniaturista — um artista furtivo e enigmático, cujas criações são cópias perfeitas dos móveis e objetos da casa. O artesão envia a Nella ítens finamente talhados, alguns que nem sequer foram requisitados, e bonecos que repetem e algumas vezes predizem os acontecimentos da cada vez mais estranha vida de Nella na casa. O presente de Johannes ajuda a esposa a compreender o mundo da família Brandt, mas, à medida que ela descobre seus segredos, começa a temer os perigos crescentes que os cercam. Nessa sociedade religiosa e repressiva, em que o ouro só é menos venerado que Deus, ser diferente é uma ameaça às morais e nem um homem como Johannes está livre. Apenas uma pessoa parece capaz de enxergar o futuro que os aguarda. Seria o miniaturista a senha para a salvação ou o arquiteto da destruição? Esse livro aparentemente é um suspense de mistério, mas está mais para um romance histórico. Só que, mesmo assim, os elementos de suspense estão bem presentes e, apesar das descrições super detalhadas e do começo ser um pouco lento, a leitura é bem agradável. Outra coisa que me chamou bastante atenção é o forte conteúdo religioso no pior sentido da palavra. Seria eufemismo eu dizer que senti vontade de vomitar. “Quando conhecemos realmente uma pessoa, Nella, quando enxergamos além dos gestos mais amáveis, dos sorrisos, quando vemos a raiva e o medo patético que cada um de nós esconde, então o perdão é tudo. Todos nós precisamos desesperadamente disso. E Marin… Marin não sabe perdoar.” “— Vocês duas estão fazendo muito barulho — adverte Marin. — Por favor, lembrem que as pessoas estão sempre olhando.” Petronella (Nella) morava em um vilarejo chamado Assendelft com sua família em boa situação financeira, mas o pai se envolve com jogos e morre deixando a família endividada. Pensando em garantir o futuro da filha, a mãe arranja seu casamento com um comerciante rico chamado Johannes. Eles se casam às pressas e a mudança é marcada para meses depois. Só que, como diz na sinopse, o casamento não se concretiza porque ele nem a toca. Na primeira parte do livro, vemos sua frustração que só aumenta quando recebe a tal casa de bonecas para ter com o que se ocupar. Entretanto, depois dessa parte um a um os segredos começam a ser desvendados. Não posso falar muito aqui para não dar spoiler, mas tanto Nella quanto nós veremos que nada é o que parece. No meu caso, não causou tanto espanto porque, como conheço o puritanismo calvinista, já esperava por aquele tipo de coisa. Quanto ao segredo do miniaturista, vi muitas críticas de que não ficou bem explicado, mas, pelo menos pra mim, a explicação foi clara e brilhante. "Ao me mostrar minha própria história, reflete Nella, a miniaturista se tornou autora dela. Gostaria muito de poder recuperá-la." Como eu já disse, o que me deixou mais chocada foi o comportamento protestante puritano antigo. Conhecemos isso, atualmente, com o nome de legalismo. Da mesma forma que os fariseus, as pessoas buscam aprovação de Deus e da sociedade através da obediência às leis, muitas vezes extra bíblicas e pouco (ou nenhum) espaço há para o Amor a Deus e ao próximo. O resultado disso é: todos aparentando bondade e santidade, mas com as vidas podres e caindo por dentro. Pessoas que dizem amar a Deus, mas no fundo apenas têm medo e raiva d’Ele. Até mesmo o pastor, demonstra satisfação ao ver os pecados das pessoas sendo revelados. Vizinhos que espionam uns aos outros pra enxergarem nos outros os pecados que tentam esconder em si mesmos. Realmente muito triste... "Acaso pode sair água doce e água amarga da mesma fonte?" “— Você coloca essa fantasia de manhã, Pieter Slabbaert — diz Johannes. — E você também, Frans Meermans. E ambos escondem seus pecados e suas fraquezas em uma caixa sob a cama, e esperam que, deslumbrados com suas vestes, nos esqueçamos deles.” Outro ponto interessante é o desprezo pelo catolicismo que eles chamam pejorativamente de “papistas” e o quanto a religião juntamente com o Estado queriam controlar até mesmo o que as pessoas comiam! Parece que Nella era católica em sua cidade natal porque teve uma hora que ela diz que o sacerdote da infância dela e os pastores de onde estava concordavam em que homossexualismo é uma abominação. E, como eu, também ficou muito triste com a falsa religião calvinista que eles seguiam e teve muita piedade deles entendendo que só teriam a oportunidade de redenção através do sofrimento porque é através dele que poderiam conhecer a si mesmos por trás da aparência de falsa santidade e piedade. Jesus poderia libertar, mas, jamais, toda aquela opressão religiosa que mais fazia piorar tudo! “— Quando conheci você — começa ela, desesperada para se livrar daquela tristeza —, não se importava com a Bíblia, com Deus, com culpa, pecado nem vergonha. — Como sabe que eu não me importava? — Você não ia à igreja, se irritava com as orações de Marin, e comprava muitas coisas. Comia bem, desfrutava os prazeres que podia ter. Era seu próprio deus, arquiteto do seu destino. Ele sorri, gesticulando para as paredes ao redor. — E veja só o que construí.” Vejam o trecho de um culto: “O pastor Pellicorne se posiciona diante do púlpito. É alto, tem mais de cinquenta anos, barba bem feita, o cabelo grisalho, curto e elegante, o colarinho largo e de um branco brilhante. Sua aparência sugere que ele tem um grupo de criados atentos. Pellicorne não perde tempo com introduções: — Hábitos abomináveis! — brada ele, se dirigindo aos cães e às crianças, aos pés que se arrastavam e ao monte de gaivotas do lado de fora. O silêncio cai sobre o recinto, todos os olhos voltados para o pastor, menos os de Otto, que baixa a cabeça, concentrado em seus dedos entrelaçados. Nella olha para Agnes, cujos olhos estão erguidos na direção de Pellicorne, como uma criança fascinada. “Ela é tão estranha”, pensa. Em um minuto tão loquaz e arrogante, no outro tão infantil e empenhada em impressionar. — Em nossa cidade há muitas portas fechadas, e não podemos ver o que há atrás delas — continua Pellicorne, duro e impiedoso. — Mas não pensem que podem esconder seus pecados de Deus. — Os dedos finos apertam a beirada do púlpito. — Ele os descobrirá — sentencia, acima das pessoas. — Não há nada escondido que não vá ser revelado. Os anjos do Senhor olharão pelas janelas e pelo buraco da fechadura de seus corações, e Ele os julgará por seus atos. Nossa cidade foi construída sobre um pântano, nossa terra já sentiu a ira de Deus antes. Triunfamos, trouxemos a água para o nosso lado. Mas não descansem agora… Foi a prudência e a boa vontade para com o próximo que nos ajudaram a triunfar. — Sim — grita um homem na multidão. Um bebê começa a chorar. Dhana solta um ganido e tenta se enfiar debaixo da saia de Nella. — Se não segurarmos firme as rédeas de nossa vergonha — diz Pellicorne —, voltaremos todos ao mar. Sejam honrados em favor de nossa cidade! Olhem dentro de seus corações e pensem em como pecaram contra seu vizinho, ou como seu vizinho é um pecador! Ele faz uma pausa de efeito, ofegante em sua retidão. Nella imagina a congregação abrindo as costelas de todos, olhando a confusão pulsante em seus corações pecadores, espiando cada um dos corações antes de fecharem seus corpos. No canto da igreja, um estorninho bate as asas. “Alguém deveria deixá-lo sair”, pensa ela. — Eles sempre ficam presos — sussurra Cornélia. — Não permitamos que a fúria do Senhor nos machuque outra vez. — Há diversos grunhidos de concordância vindos da congregação e, a essa altura, a voz de Pellicorne está ligeiramente trêmula de emoção. — É a cobiça. A cobiça é o vício que temos que combater… a cobiça é a árvore e o dinheiro é sua raiz profunda! — O dinheiro também comprou esse seu belo colarinho — murmura Cornélia. Nella fica sem ar, tentando não rir. Ela arrisca um olhar para Frans Meermans. Enquanto a atenção da esposa está voltada para o púlpito, ele observa os Brandt. — Não devemos nos enganar achando que dominamos o poder dos mares. — Pellicorne modula sua voz em um sussurro insistente, tranquilizante, antes de tocar na ferida. — Sim, a generosidade de Mamon se mostrou para nós, mas um dia irá afundar a todos. E onde vocês estarão nesse dia fatídico? Onde? Atolados até o pescoço em doces açucarados e tortas de frango gordurosas? Cercados de sedas e colares de diamantes? Cornélia suspira. — Quem dera — comenta. — Quem dera… — Cuidado, cuidado — alerta Pellicorne. — Esta cidade floresce! O dinheiro dela lhes dá asas para voar. Mas ele é um jugo em seus ombros e vocês deveriam perceber o hematoma que cria em volta do pescoço. Marin estreita os olhos com força, como se fosse chorar. Nella torce para que seja apenas um tipo de êxtase espiritual, uma entrega ao poder das sagradas palavras de advertência de Pellicorne. Meermans ainda está olhando. Marin abre os olhos e percebe isso, então seus dedos apertam ainda mais o livro de Salmos. Ela se mexe no assento, o sofrimento estampado no rosto de cera. A garganta de Nella está seca, mas ela não ousa tossir. Pellicorne está chegando ao clímax e os corpos da congregação se aproximam, tornando-se mais compactos, alertas. — Adúlteros. Homens do dinheiro. Sodomitas. Ladrões — grita o pastor. — Tomem cuidado com todos eles, procurem por eles! Avisem seus vizinhos se a nuvem do perigo estiver se aproximando. Não permitam que o mal atravesse a porta de sua casa, pois, uma vez que o vício chega, é difícil acabar com ele. O chão sob nossos pés se desintegrará, a fúria de Deus cairá sobre nossa terra. — Sim — diz o homem na multidão. — Sim! Dhana late, cada vez mais agitada. — Quieta — sussurra Cornélia. — O que vocês podem fazer para expulsá-lo? — brada Pellicorne, voltando à carga total, os braços abertos como o próprio Cristo. — Amor. Amem seus filhos, pois eles são as sementes que farão esta cidade florescer! Maridos, amem suas esposas, e, mulheres, sejam obedientes, por tudo que é bom e sagrado. Mantenham suas casas limpas, e suas almas seguirão o exemplo! Ele termina. Há suspiros de alívio, sons de concordância, um despertar e esticar de pernas. Nella começa a ficar zonza. A luz brilha nas lápides. Sejam obedientes. Maridos, amem suas esposas. Você é a luz do sol que atravessa a janela, sob a qual me posto, aquecido. Minha querida. O bebê chora outra vez, e Nella e Marin olham ao mesmo tempo enquanto a mãe tenta, sem sucesso, silenciá-lo, afastando-se da congregação e saindo pela porta lateral da igreja. Nella segue o olhar de Marin, ambas fitando com inveja o breve quadrado de dourada luz do sol proporcionado pela saída da mulher. Neste intenso novo mundo de Amsterdã, nesta igreja fria da cidade, uma hora de adoração parece um ano.” Spoilers: Johannes é gay; o melhor amigo dele tem raiva por causa de um romance com Marin; só que, na verdade, era Marin que não quis casar com o tal e o irmão levou a culpa; Marin engravidou do criado da casa e escondeu a gravidez... Nesse meio tempo, a miniaturista (que ela descobre ser uma mulher) continua mandando miniaturas das pessoas que Nella conhece que pressagiam o que iria acontecer. Depois descobrimos através da conversa com o pai que ela também chama Petronella e tem um dom que a faz conhecer a alma das pessoas, mas que várias mulheres da cidade também receberam as miniaturas. Realmente dom de Palavra de Conhecimento... No final, Johanes morre afogado por ter sido denunciado pelo ex melhor amigo por sodomia e Marin morre no parto. O livro termina literalmente assim mostrando o quão inútil é uma religião sem Cristo e sem Amor! “Não vou machucar você, Petronella, era a promessa de Johannes feita no barco a caminho da Guilda dos Prateiros. Ela sempre achou que gentileza se referia a uma ação. Mas deixar de fazer algo, um gesto de abstenção… isso também seria gentileza? Nella aprendera que a sodomia era um crime contra a natureza. Com relação a isso, há pouca diferença entre um pastor de Amsterdã e um sacerdote de sua infância em Assendelft. Mas quão certo é matar um homem por algo que está em sua alma? Se Marin tiver razão, e isso não puder ser retirado de Johannes, então qual o sentido de todo aquele sofrimento?” Autor: Jefferson S Fernandeslido em 2013 - postado em 2016Descubra como, sem dinheiro ou influência uma viúva, dois rapazes e um sábio professor, ajudaram um jovem pastor a impedir que um satanista disfarçado assumisse a liderança de uma das maiores igrejas do mundo.
Este livro mostra o encontro de duas pessoas através de Deus. Eles não tinham nada de especial, mas foram capacitados por Deus para enfrentarem o inimigo e serem moldados por Ele. Estas duas pessoas serão obstáculos de um satanista disfarçado de pastor que irá se tornar presidente das igrejas de sua denominação, com o objetivo secreto de acabar com a pregação do evangelho. Contando um romance, este livro mostra o que acontece no mundo físico que é gerado no mundo espiritual, mostrando também a influência demoníaca nas escolhas e atitudes das pessoas. Em meio às orações, dos ataques do inimigo e da ajuda de Deus, uma profecia intriga os dois personagens, além das emoções do amor, frustração, dor, morte e encontros e desencontros amorosos. Gostei bastante do livro quando li. É uma história bem longa e complexa, mas prende muito a atenção. Só discordei de alguns pontos teológicos que acredito que não tem muita importância em relação à história. Fala sobre uma mãe que casou com o homem errado e engravida. Ele pede pra ela abortar, mas ela não aborta e consagra a criança a Deus, mesmo sendo abandonada pelo cara. A criança cresce e tem uma inteligência sobrenatural e dons tremendos, recebe revelação pra escrever um livro e se torna um excelente pastor e líder. Só que um satanista disfarçado dentro da igreja, rouba o livro dele e publica como seu, além de humilha-lo de todas as formas. O pastor desiste do ministério e se esconde pra esquecer o passado a todo custo. Essa situação dura alguns anos até que o amigo, conselheiro e professor dele o procura e, inspirado pelo Espírito Santo, convence-o a voltar a trabalhar. Esse faz isso na igreja pequena que está congregando, mas continua fugindo do passado e pensa em abrir outra igreja ou projeto, além de não falar que já foi pastor mesmo muitos desconfiando disso. Achei muito interessante também que mostra um pouco da realidade espiritual dos anjos e demônios e sua atuação, exatamente como em “Este mundo tenebroso”. A parte que achei mais engraçado é que esse ex pastor não suporta cultos e manifestações pentecostais. Então os anjos e demônios explicam que é uma barreira demoníaca pra que ele não sinta a presença de Deus como antes e assim nunca volte pro ministério. Além disso, também é trabalho deles causar sono, cansaço e irritação sempre que se lembrava de algo do passado. Idêntico ao que acontecia comigo. Outro ponto em que me identifiquei foi com relação aos sonhos e profecias porque muitos deles também definiram minha vida e caminhada espiritual. Spoilers: O ex pastor começa a discípular e ajudar um jovem que acaba de perder o pai. Na primeira vez que saem juntos pra trabalhar, encontram outro jovem que foi ferido até quase morrer e orou pedindo perdão e socorro pra Deus. Eles o salvam, mas o rapaz não se lembra de mais nada e passa a morar com o outro rapaz nunca esquecendo de tentar lembrar quem ele foi. Depois de um tempo, Deus revela a vida do ex pastor todinha através de uma profecia e diz que ele deve voltar pra onde foi expulso sem esconder quem foi porque ele voltaria a ter revelações em sonhos e era para um dos rapazes divulgar e o outro administrar. Então ele sonha com uma musica que é gravada e divulgada pela internet, o que gera convite de várias outras igrejas... O livro vai relatando outras tramas e histórias paralelas, mas quando chega no clímax do satanista ser desmascarado e o verdadeiro pastor ter a restituição, o livro acaba com os dizeres “continua”. autora: Cecília Ahernlido em 2013 - postado em 2016Nascida no luxo, Tamara Goodwin, de 16 anos, nunca precisou olhar para o amanhã, até que a morte abrupta de seu pai deixa a ela e a sua mãe uma montanha de dívidas e as obriga a se mudarem para a casa dos tios de Tamara, em um vilarejo no interior. Solitária e entediada, a única diversão de Tamara é uma biblioteca itinerante. E ali, ela encontra um livro muito misterioso. Tamara vê inscrições com sua própria letra e datadas para o dia seguinte. Quando tudo acontece exatamente como o livro previa, ela percebe que pode ter encontrado a solução para seus problemas. No entanto, Tamara descobre que é melhor não virar algumas páginas e que, apesar de muito tentar, não pode mudar o destino. Eu vi esse livro direto na livraria. No dia, não tinha dinheiro para comprar, mas sabia que precisava ler. Apesar de eu ter gostado da história foi meio chato de se ler porque só começa a prender a atenção do meio para o final e tudo acontece em um ritmo lento demais. O livro é vendido como um suspense sobre o tal diário que a Tamara encontra, mas, na verdade, é um drama familiar daqueles bem dramáticos. Entretanto, eu gostei bastante do conceito do livro porque dá a entender que não se trata de um destino escrito sem possibilidades para escolhas, mas apenas de um direcionamento que foi útil por um tempo. Direcionamento era o que a protagonista mais precisava mesmo porque era uma pessoa vazia de sentimentos e objetivos na vida, sem nenhuma referência. Há outro acontecimento que também me chama muito a atenção. Tamara está vendo uma mosca se debatendo na janela e resolve tentar ajudar, mas a mosca tanto se debate que acaba morrendo. Então, por uns instantes, ela pensa que com Deus pode ser a mesma coisa: Ele sempre quer nos ajudar, mas nós atrapalhamos e não deixamos. É exatamente assim! Só fiquei meio decepcionada porque o livro não esclarece em nenhum momento sobre a origem do diário. Por outro lado, não pude deixar de gostar porque ficou parecendo algo bem milagre de Deus mesmo, onde não se importa o como, mas o porquê e isso, sim, ficou extremamente claro. Acredito que Deus me levou a esse livro por causa da citação do começo porque só ela valeu o livro todo. A história não tem nada a ver com a minha vida nem com o propósito de Deus como eu pensei que poderia ter. Além disso, não ensina nada de muito diferente. Dramas e transformações como as apresentadas são, digamos assim, clichês em muitos filmes e livros, e não possuem diferencial algum. Dizem que uma história perde algo cada vez que é contada. Se assim for, esta nada perdeu, pois a contarei pela primeira vez. Trata-se de uma história que, para lê-la, algumas pessoas terão de afastar a descrença. Se isso não estivesse acontecendo comigo, eu me incluiria entre elas. Muitas não precisarão se esforçar para acreditar, pois já tiveram as mentes abertas, destrancadas por qualquer tipo de chave que as faz acreditar. Estas nasceram assim ou, ainda bebês, quando as mentes assemelham-se a pequenos botões, nutriram-nas até se abrirem, aos poucos, as pétalas e as prepararam para que a própria natureza da vida as alimentasse. Com o cair da chuva e o brilho do sol, elas se mantêm em contínuo desabrochar; com as mentes assim abertas, passam pelas circunstâncias da vida decididas e tolerantes, veem luz na escuridão, possibilidades em becos sem saída, experimentam vitória quando outras expressam fracasso, questionam quando outras aceitam. Apenas menos embotadas, menos cínicas. Com menos probabilidade de entregarem os pontos. Em outras pessoas, as mentes se abrem mais tarde na vida, pela tragédia ou pelo triunfo. Ambos funcionam como a chave que abre e ergue a tampa daquela caixa que sabe-tudo e aceitam o desconhecido, dizem adeus ao pragmatismo e às linhas retas. Por outro lado, existem aquelas cujas mentes não passam de um buquê de talos, dos quais brotam botões quando elas apreendem uma nova informação — um novo botão para cada novo fato —, mas nunca se abrem, jamais florescem. Trata-se das pessoas de letras maiúsculas e pontos finais, mas nunca de pontos de interrogação e elipses. |
AutoraÁlefe Histórico
Novembro 2021
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